Alguns dias atrás, eu estava em pé no fundo do ônibus, a caminho do trabalho, quando fui fisgado por um breve devaneio de recordações. Sabe quando você está lá... parado, sem ninguém para conversar, e acaba sonhando acordado? Isso acontece comigo com bastante frequência. Às vezes fico lá... só pensando... lembrando do meu passado, de quando era criança, das brincadeiras bobas que fazia com meus irmãos, de quando brincava de cabra-cega com meus primos. Ah... velhos tempos de que sinto muita saudade.
Lembro que, quando era criança, eu reclamava muito da minha vida. Das vezes em que chegava da escola e minha mãe mandava limpar a casa ou lavar a louça suja, eu pensava: "Nossa, que vida chata, vontade de crescer e mandar no meu próprio nariz". Pois é... isso aconteceu, e não recomendo.
Não é fácil ser adulto. Existe um preço a se pagar ao escolher trilhar o caminho da liberdade e independência. Mas, ao mesmo tempo, é bom, sabe? Fui uma criança/adolescente muito mimada, não precisava levantar um dedo para nada. Minha única obrigação era passar de ano e manter a casa limpa, mas isso estava me impedindo de amadurecer de verdade. Quando me tornei adulto e entrei para o mercado de trabalho, não queria saber de nada, torrava meu salário como se o mundo fosse acabar amanhã e tinha zero responsabilidades. E sabe qual foi o resultado disso? Não dava valor ao meu dinheiro suado, não pensava no dia de amanhã nem nos imprevistos da vida.
Até que, um belo dia, tive que sair da casa dos meus pais e tomei um choque de realidade. São tantas responsabilidades e dificuldades de uma só vez. Mas, sabe... isso me ajudou a amadurecer e a enfrentar os desafios da vida. O meu eu de antigamente, que só queria saber de assistir Netflix e jogar videogame o dia inteiro, jamais imaginaria esse BOOM de amadurecimento na vida...
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Hoje, minha tia me convidou para ir ao centro, pois queria me dar uma calça de presente. O dia estava chuvoso.
Quando chegamos à loja, ela me ajudou a escolher alguns modelos de calças, e isso foi incrível. Nunca tive ninguém para me ajudar a escolher uma roupa; a vida inteira, ou ganhava roupas aleatórias da família, ou comprava por conta própria, sem companhia.
Acabei saindo da loja com 2 calças e 2 camisas super chiques. Não vou mentir, fiquei bastante preocupado, pois sei que as coisas não estão fáceis para ninguém, mas ela me disse que não precisava me preocupar com nada, que estava tudo sob controle.
Não sei por que resolvi escrever tudo isso hoje. Talvez tenha sido por causa dos meus pensamentos e momentos de reflexão, ou talvez seja pela imensa gratidão que tenho a Deus pela família abençoada que tenho.
Victor Cruvinel.
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